Pérolas de Geoprocessadores

Vocês entenderam o tema desta matéria? O termo “pérolas” é muitas vezes utilizado para se referir a erros grosseiros, muitas vezes absurdos, cometidos por pessoas das mais variadas áreas. Por exemplo, talvez você até já tenha recebido algum e-mail que supostamente apresenta engraçadas “pérolas dos vestibulares” ou algo neste sentido.

Já o neologismo “geoprocessadores” é um termo empregado por algumas pessoas para designar aqueles que trabalham com Geoprocessamento. Na minha opinião pessoal, este termo não é nada apropriado para este fim. Nesta postagem o uso deste termo é uma referência àqueles “profissionais” que soltam/cometem “pérolas” ao tentar trabalhar com Geotecnologias.

O objetivo desta postagem é duplo. Primeiro chamar a atenção mais uma vez para importância dos profissionais conhecerem bem os conceitos relacionados com as atividades de sua profissão e também descontrair um pouco.

Por favor, não entendam mal! Não estamos querendo menosprezar ninguém aqui, e estamos cientes de que todos temos ainda muito o que aprender. Todos podemos cometer erros, mas como profissionais é importante conhecermos bem do que estamos falando.

ERROS CONCEITUAIS GROTESCOS

Vou citar um exemplo que aconteceu recentemente. Visitei uma área que seria objeto de um levantamento planialtimétrico. Abaixo descrevo um trecho da conversa que eu tive com uma pessoa que havia feito um levantamento anterior no terreno. Veja se consegue identificar a pérola:

Perguntei: Qual foi a técnica usada no levantamento?

Resposta: Bem, eu sempre utilizo o satélite SAD69. (afirmou com plena convicção)

Deu para perceber o (s) erro (s)?

Para começar, o assunto era sobre técnicas e metodologias. Além disso, como você deve saber, SAD69 (South American Datum) não tem nada a ver com satélite. O SAD69, assim como o SIRGAS2000, o WGS84 e tantos outros, são sistemas geodésicos. O SAD69 é o sistema regional para a América do Sul, desde 1969. Hoje estamos em processo de migração para o SIRGAS2000. (Leia também: Revista Ponto de Referência)

Satélites, no contexto das Geotecnologias, são um conjunto de equipamentos que orbitam ao redor da Terra, gerando informação dos diferentes alvos. Ai já entramos no campo do sensoriamento remoto.

Quando alguém comete erros assim, abre margem para que se questione a qualidade do trabalho executado, concordam?

E você, já ouviu alguma “pérola de Geoprocessador” que fez seus ouvidos doerem? Deixe seu comentário contando sua experiência.

Para aprender sobre conceitos de Geoprocessamento, recomendo em especial a leitura da coluna Por Dentro do GEO publicada regularmente na Revista FOSSGIS Brasil. Use os links abaixo para fazer o download:

  • Edição n° 1: Confusões comuns no mundo das geotecnologias
  • Edição n° 2: As cores e os seus mapas
  • Edição n° 3: Conferência Cartográfica Internacional – ICC 2011

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Anderson Medeiros

Anderson Medeiros

Graduado em Geoprocessamento pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (IFPB). É o autor do site https://clickgeo.com.br que publica regularmente, desde 2008, artigos dicas e tutoriais sobre Geotecnologias, suas ferramentas e aplicações.
Em 2017 foi reconhecido como o Profissional do ano no setor de Geotecnologias. Atua na área de Geoprocessamento desde 2005.

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29 respostas

  1. Olha só o significado da palavra didática:

    Durante o treinamento de ArcGIS no nosso laboratório, um bolsista mandou o outro clicar no “PLANETA TERRA” (full extent) e depois falou para clicar no botão do lado da “SETA PRETA” (identufy).

  2. Estaba dando un curso de GPS, y explicaba el sistema UTM, hablando de las coordenadas ESTE y NORTE, al final de la exposición una persona se me acerca y me dice “muy bueno el curso, pero a mi no me sirve el GPS…, porque la zona donde quiero utilizarlo queda hacia… el SUR…”

  3. Ser Professor de Geoprocessamento e SR sempre vai render boas pérolas! Vou ficar rica! haha

    Mas uma das piores que ouvi foi:
    – “Professora, não vejo diferença entre fazer Geoprocessamento no ArcGis ou no CorelDraw!”

    …….ai!

  4. É muito comum confudirem sistema de informações geográficas com banco de dados geográfico e vice-versa.
    Já ouvi demais “Quero que você faça um SIG no ArcGIS…”

  5. Bom, a minha é uma brutalidade ai vai..
    Uma colega de laboratório criou uma camada vetorial do tipo polígono.. e nomeou como “Solos” assim que fez esse procedimento olhou pra mim e perguntou ‘Cadê os solos ?’
    Auhsuahsuashuahsuahs

    1. Já pensou se fosse assim? Comando de texto (e do pensamento, pra saber de onde seriam) e Blam! Os vetores se desenham na tela!
      O problema é que esse é o senso comum… qualquer profissional que trabalhe com informática (Designers, pessoa lda TI, geotecnólogos….) passa por isso!

  6. Eu estava ajudando a professora a dar aula de geotecnologias, fazendo o tratamento dos dados de um trabalho de campo no track maker, inserindo so pontos coletados por GPS manualmente quando me soltam a seguinto:

    “Tem alguma coisa de errado aqui,, todos os pontos que coloco caem no mesmo lugar”
    Quando fui olhar a escala que ela estava usando dava para colocar o sistema solar inteiro dentro do mapa..

  7. Já ouvi a seguinte em um congresso:

    “CAD e SIG é a mesma coisa”

    E leio inúmeras na internet em traduções de português para o Inglês.

    Ao se traduzir um título de artigo, por exemplo:

    “Geoprocessamento Aplicado a Delimitação de Bacias”

    traduzem como:

    “Geoprocessing applied to…”

  8. Amigos

    Ensinando a disciplina em cursos de graduação na área ambiental, tenho duas:

    – mostrei uma imagem landsat, com muitas nuvens e aluna disse que era plantação de algodão…. (até hoje me pergunto se ela falou sério, ou estava “tirando onda”

    – mais recente, pedi para explicarem diferenças, vantagens e desvantagens entre aerofoto e s. remoto orbital, um escreveu: “a imagem de resolução espacial são muito boas, mas tem umas que não são tão boas assim.” (sic)

  9. eu já escutei uma na faculdade…um pessoal entendido a “geoprocessador” em início de carreira meteu essa pérola:

    um “geoprocessador” pergunta ao outro:

    – e aí cara, georreferenciou a bacia hidrográfica que o prof. pediu?!

    o outro, metido a “expert”

    – já cara, foi muito fácil!!

    o primeiro:

    – onde vc fez?!

    o “expert”:

    – no paint mesmo, ficou muito bom!

    depois dessa eu saí com uma certa dor de cabeça!!

    o que acharam? é perito em geo. essa rapaz?!

  10. Gente, paciência. Ficamos muito centrados no que fazemos e esquecemos as mazelas da Educação desse imenso país. Questionei meu professor de especialização sobre certos detalhes de Topografia e ele disse que não estava formando topógrafos (!!!!!!). Depois soube que ele falava para os alunos de graduação que “não ensinava o ‘pulo do gato’ para evitar concorrência”. Vindo de um professor… Imagina de pessoas de outros níveis. Mais: ensino que as perguntas ditas “idiotas” nos dão a dimensão do que ensinamos ou do nível que nossa conversa precisa atingir para evoluirmos no processo ensino-aprendizagem. Gostei da idéia das pérolas. Muitas são realmente divertidas. Abço a todos.

  11. Rapaz, nunca escutei esse tipo de coisa não, mas não faria isso, pois fico calado no meu canto e, se tenho uma dúvida, tento estudar primeiro e só depois pergunto.

    1. É verdade, mas nao se deve temer perguntar por medo de errar, não é? Quem pergunta é por que quer saber e como eu disse, todos temos muito ainda a aprender.
      Abraço!

  12. Eu já vi uma, de um “figurão técnico que de técnico não tinha nada”, por essas bandas : “tá, eu estou usando UTM, mas se eu quiser usar o SAD 69 nas imagens em vez do UTM, como que eu poderia fazer.

  13. Frequentemente sou confrontado com a seguinte pérola: “A gente paga pela versão do Google Earth para ter direito a imagens atualizadas e ao vivo”.

  14. Anderson, já ouvi muito engenheiro até profissionais da area falando foto de satélite.E terrível…

  15. Acho que muitos já devem ter ouvido essa, dos primórdios do Google Earth em décadas passadas: A foto do satélite da Google é de graça e muito melhor que o do Landsat!

  16. kkk Lembrei confundiram cota altimetrica com Km… essa tbm eu não erro…rsrsrs

  17. 10 m mais preciso que 3 m?rsrs ainda bem que sou calada,em boca fechada não sai besteira,se não sei procuro ler,estudae e perguntar… e eu que pensei que não sabia de muita coisa…

  18. Algumas dessas pérolas são compreensíveis…alguns termos de Geoprocessamento são complicados de entender rapidamente. Aqui na Geografia, a maior dificuldade que eu já diagnostiquei foi em relação ao entendimento do que é Datum e Elipsoide. Mas, não me lembro de exemplos claros de pérolas. Esse tipo de artigo que você postou é bom para que se possa perceber onde devemos ter mais foco e clareza na hora de ensinar alguns conceitos.

    Abraços!

  19. Fala Anderson,

    kkkkkkkkk

    Nesses anos q ministrei cursos de TerraView, já ouvi muita coisa engraçada. Mas perfeitamente compreensível, pois estavam iniciando na área..rs.

    Ex 1.: Certa vez, no Maranhão, depois de uma semana inteira de curso (40hs) e o aluno no levanta mão, no último dia, e pergunta:

    – Aaaaah, quer dizer que o ponto é um polígono?!?!?

    Eu respirei fundo (rsrs) e respondi q dependia da escala! Mas, mesmo assim ficou sem enteder, pois ele estava confundindo as entidades e n entendeu sobre a escala. Depois chama num canto e explica direitinho….

    Ex 2.: Ainda no Maranhão, em outra turma, passei um filmezinho mostrando o como é feito o imageamento por um satélite…até aí tudo bem!

    No fim do filme, um senhor levanta a mão e solta:

    – Tudo bem professor, o Sr. mostrou um satélite trabalhando, mas quem filmou esse satélite?!?!?

    Ex 3.: No Amapá, um assessor do laboratório de Geoprocessamento diz em sala de aula que o datum WGS84 somente pode usar com sistema de projeção UTM…

    Fiquei me perguntando: será q ele aprendeu Geo com as configurações iniciais de um GPS de navegaçao?!?! rsrs

    E muitas outras histórias….

    Abraços e bom post!

    Luís Lopes

  20. Já ouvi alguém dizer que um receptor GPS com precisão de 10 m é mais preciso do que um que chega a 3 m. rs

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Sobre Anderson Medeiros

Ele já foi reconhecido como o Profissional do Ano no Brasil no setor de Geotecnologias. Graduado em Geoprocessamento, trabalha com Geotecnologias desde 2005. Já ministrou dezenas de cursos de Geoprocessamento com Softwares Livres em diversas cidades, além de outros treinamentos na modalidade EaD. Desde 2008 publica conteúdo sobre Geoinformação e suas tecnologias como QGIS, PostGIS, gvSIG, i3Geo, entre outras.

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