Entrevista: Luiz Paniago – SR Geo Concursos

Luiz Paniago Neves - EntrevistaConfira agora a décima entrevista da série onde estamos conversando com profissionais da área de Geoprocessamento que atuam em diferentes regiões do Brasil e do mundo. Eles estão relatando um pouco sobre sua própria história no mercado de trabalho, comentando sua visão sobre o cenário do Geotecnologias onde vivem, e algo mais. Nosso entrevistado do momento é Luiz Paniago Neves, um dos fundadores da empresa SR Geo Concursos Públicos.

Luiz Paniago NevesLuiz Paniago Neves é graduado em geologia pela Universidade de Brasília, instituição esta em que obteve o título de mestre em Geologia Econômica e Prospecção Mineral com ênfase em Geotecnologias. Atualmente trabalha como especialista em recursos minerais no Departamento Nacional de Produção Mineral em Brasília, concurso o qual foi aprovado em 2010. Têm larga experiência em Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto, em especial análise espacial com foco em quantificação e mensuração fazendo uso de sensores multiespectrais, onde já foi coordenador de Geoprocessamento no Jardim Botânico de Brasília, na Gerência de Monitoramento do Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do Distrito Federal, além de ter atuado como gerente da referida gerência

1. Há quanto tempo você trabalha com Geotecnologias e como foi seu primeiro contato com esta área tão empolgante?

Trabalho com esta fascinante ciência há 13 anos, onde trabalhei em empresas governamentais estaduais, federais, empresas particulares de meio ambiente, de mineração.

Tive meu primeiro contato com as Geotecnologias quando ainda estava no segundo semestre de minha graduação (em 2000) na Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal (TERRACAP) onde estagiei por 2 anos. Naquela época, ainda fazia uso, apenas do ENVI (para tratamento de imagens de Sensoriamento Remoto) e do inovador (para a época) ArcView 3.2 e seus periféricos como o ArcEditor para georreferenciar poligonais, pontos e linhas obtidos em campo.

Um dos principais trabalhados executados por mim e, claro, pela gerência que trabalhava (meio ambiente), era verificar a interferência das poligonais de novos empreendimentos imobiliários em nossa capital federal com áreas de interesse ecológico, como ARIES, APAS, EE, dentre outras.

2. Você fez algum curso na área de Geoprocessamento? (Pode também citar onde, e se possível algumas características do curso)

GeoprocessamentoFiz diversos cursos na área, todavia os 2 primeiros que fiz foram com meu antigo chefe (na TERRACAP) que por ver que há época não seria possível os estagiários fazerem cursos específicos em Geotecnologias para auxílio nas atividades do dia a dia, promoveu dois cursos bem específicos em ArcView 3.2 conosco para que pudéssemos dar o auxiliar nas atividades corriqueiras da Agência.

Fora estes “não oficiais” fiz cursos no INPE, na IMAGEM (Academia GIS – Análise Espacial Avançada com ArcGIS).

3. Qual sua visão sobre o cenário atual das Geotecnologias no Brasil? Considera que há boas perspectivas para os profissionais?

Com certeza estamos vivendo um momento de bonança para nossa área. Além das empresas que já faziam uso das Geotecnologias em seu dia a dia pelo fato de esta ciência ser fundamental para sua sobrevivência (como topografia, empresas de sondagem, empresas ambientais, geológicas dentre outras) entidades privadas e órgãos públicos estão se atentando para o fato de que as Geotecnologias trazem imensos benefícios quando aplicadas.

Uma prova desta crescente demanda é a grande quantidade de concursos públicos com matérias de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto em seus editais (em especial no ano de 2013), seja como matéria básica desta ciência seja com matéria com maior aprofundamento, ocorrendo com maior veemência com profissionais de geologia, geografia, engenharia florestal, engenharia agronômica, todavia, como vimos no edital do Ministério das Cidades, estão ocorrendo cargos com matérias específicas exclusivas de Geotecnologias para um cargo de analista administrativo, ou seja, passível de ser feito por profissionais formados em quaisquer áreas.

Conheça a empresa SR GEO Concursos Públicos

Para atender esta crescente demanda em concursos públicos, a SR Geo Concursos, criou seu site, com e-books e apostilas para estes concursos com conceitos de Geoprocessamento e questões de concursos públicos comentadas, com o intuito de ajudar estes concurseiros que ainda não entendiam bem desta magnífica área ou aos profissionais que já entendiam mas que necessitavam de um maior detalhamento para alcançar sua aprovação.

4. O que você acha que seja fundamental para que um profissional consiga um bom espaço no mercado de trabalho em Geoinformação?

Primeiramente paixão pelas Geotecnologias além de ser detalhista e gostar de ficar várias horas sentado em frente a um poderoso computador (sim, poderoso pois nossa ciência exige que tenhamos excelentes máquinas para poder processar as imagens e outros trabalhos). Sou meio suspeito em falar disso pois sou um apaixonado pelas Geotecnologias e a cada dia fico mais fascinado.

5. Com quais softwares para Geoprocessamento você tem trabalhado, desde o início de sua carreira até hoje (comerciais e livres)?

Conforme dito no início da entrevista, iniciei fazendo uso do ENVI (para tratamento de imagens de SR), do ArcEditor (para Georreferenciamento) e do ArcView 3.2 (o qual inclusive já ministrei aulas para futuros usuários do programa na UnB). Já trabalhei com o Surfer e atualmente uso o ArcGIS 10 com suas ferramentas poderosas que atendem a seus usuários quase que na totalidade dos recursos necessários para um usuário de SIG (claro que para os processamentos e operações em imagens de satélites é necessário o uso de software específico).

Como já trabalhei, também, em mineração, fiz uso do Datamine, Minesight, Vulcan, Century, que são softwares voltados para o cálculo de recursos e reservas em depósitos minerais os quais também tem um interface com o ArcGIS, sendo que aqueles programas, por terem um banco de dados associados a coordenadas geográficas podem ser considerados programas com aplicações para Geoprocessamento.

6. Você trabalha em um importante órgão público. Comente um pouco de como as Geotecnologias estão diretamente envolvidas com os projetos e atividades que você tem desenvolvido atualmente.

DNPMTrabalho atualmente no órgão gestor dos bens minerais do Brasil (DNPM – que está em processo de transformação em agência reguladora – ANM). Dentre as atividades que realizo está a de verificação das poligonais concedidas aos mineradores para lavrarem e sua vistoria em campo para conferir se estão inseridos dentre dela ou não, além de executar séries históricas em regiões de conflito de garimpo a fim de determinar se a atividade realmente cessou após as incursões em campo (são quantificações de poligonais em confronto com imagens mensais do QuickBird).

Outra atividade executada é a de verificar se regiões pesquisadas por mineradores que almejam lavrar certo mineral está inserida na poligonal autorizada para pesquisa, fazendo uso de GPS de precisão em campo e em escritório nova checagem para autuação ou não.

7. O que você diria sobre as potencialidades do uso de softwares livres para Geoprocessamento frente ao tradicional uso de ferramentas proprietárias nas instituições privadas e públicas?

De cerca de 3 anos para cá a aparição de diversos softwares livres de Geoprocessamento são uma grande e boa realidade para nós usuários. Sabemos que softwares bons de Geoprocessamento de licença proprietária são bastante caros e por vezes induziam aos usuários “caseiros” a buscar meios ilícitos para tê-los (como a pirataria). Atualmente temos softwares livres bastante robustos e que não deixam a desejar em nada aos proprietários, claro que depende do tipo de análise você pretende fazer e o fim a se atingir.

8. Você gostaria de fazer algum comentário adicional sobre o tema de nossa entrevista?

As Geotecnologias, como é notório em quase todos campos do conhecimento, estão em exponencial ascensão. Este crescimento é excelente tanto para os profissionais que trabalham com o tema como para a sociedade em si, que terá trabalhos e produtos de grande qualidade em áreas que por vezes a sociedade civil nem sabe que a Geoinformação está inserida. A presença maciça de Geotecnologias em concursos públicos é a maior prova disso além de uma enorme demanda por profissionais de Geoprocessamento em empresas de três a quatro anos para cá.

Outro grande ponto que demonstra este crescimento é a grande quantidade de blogs de geoprocessamento e sensoriamento remoto especializados e com extrema qualidade. Nestes blogs é possível a troca de experiências, consultorias e gestão do conhecimento.

Entendo que estamos vivendo a “época das Geotecnologias” não só em nosso país como no mundo todo e quem tiver “passos”a frente nesta ciência vai, com certeza, ter seu lugar a sombra.

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Queremos agradecer ao amigo Luiz Paniago por nos conceder esta entrevista que certamente agregou grande valor ao conteúdo de nosso site, em especial nesta série de entrevistas.

O que vocês acharam desta postagem? Já conheciam o trabalho desenvolvido por este relevante profissional da área de Geotecnologias? Deixem seus comentários.

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Anderson Medeiros

Anderson Medeiros

Graduado em Geoprocessamento pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (IFPB). É o autor do site https://clickgeo.com.br que publica regularmente, desde 2008, artigos dicas e tutoriais sobre Geotecnologias, suas ferramentas e aplicações.
Em 2017 foi reconhecido como o Profissional do ano no setor de Geotecnologias. Atua na área de Geoprocessamento desde 2005.

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Sobre Anderson Medeiros

Ele já foi reconhecido como o Profissional do Ano no Brasil no setor de Geotecnologias. Graduado em Geoprocessamento, trabalha com Geotecnologias desde 2005. Já ministrou dezenas de cursos de Geoprocessamento com Softwares Livres em diversas cidades, além de outros treinamentos na modalidade EaD. Desde 2008 publica conteúdo sobre Geoinformação e suas tecnologias como QGIS, PostGIS, gvSIG, i3Geo, entre outras.

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